Como estudar música brasileira?
Em viagens pela América Latina representando o Conservatório e Faculdade Souza Lima, muitos estudantes perguntam como estudar música brasileira em profundidade.
Mas será que nós brasileiros sabemos de fato como estudar música brasileira se praticamente só ouvimos música internacional?
Vivemos uma fase que a música brasileira anda perdida nas playlist’s do streaming, infelizmente.
Primeiro é preciso dizer que a música brasileira representa muita coisa, somos um país continental. E mesmo para aqueles que viveram os gêneros e estilos da música brasileira por toda uma vida alguma variável pode não ser conhecida ou aprofundada.
No meu caso para com a música brasileira – como Músico, Técnico em Música, Formado em Música em nível superior, com Especialização em Música Brasileira, e Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura – estudando o mercado fonográfico brasileiro, ou seja, música brasileira. E ainda como guitarrista, compositor, produtor, arranjador e pesquisador com muita coisa publicada entre fonogramas e livros, a música brasileira permanece diversificada o que me mantém focado e estudando.
Primeiro, precisamos saber o que é a música brasileira que pretende estudar. A música brasileira mais popular no mundo é o samba. Alguém poderia dizer sobre a bossa-nova. E eu respondo: Bossa-nova é samba, a priori.
Samba é um gênero, mas é também uma matriz cultural rítmica, então bossa-nova é um estilo de samba, que depois adquire tantas características próprias que passa a ser de fato um gênero específico. Mas que fique registrado, que de início é samba.
O samba é percebido em pulsação binária. E o que estudar?
Muitos se dedicam incansavelmente à harmonia quando estudam música brasileira. Outros se apegam ao aspecto rítmico. Quando, na verdade, o primordial está no lirismo. O ritmo e a harmonia do estudo devem estar em uma abordagem prática e teórica sim, na prática do instrumento, mas após o desenvolvimento lírico do estudante de música na área da composição, arranjo e instrumento.
Para alcançar esse conhecimento lírico é preciso ouvir a música incansavelmente. O lirismo está nos aspectos da linguagem, que na música popular é apenas ocasionalmente pautada. Como aprender um idioma sem ouvi-lo?
Desfrute ouvindo então guitarristas como: Dino 7 cordas, João Gilberto, Roberto Menescal, Paulinho da Viola, João Bosco, Djavan, Raphael Rabello, Hélio Delmiro. Os baixistas: Azeitona, Sibá, Luis Chaves, Luizão Maia, Sizón Machado, Nico Assumpção.
Os bateristas: Milton Banana, Edson Machado, Don um Romão, Toninho Pinheiro, Nenê. Os pianistas: Luiz Eça, Amilton Godoy, João Donato, Tom Jobim.
Os sopristas: Pixinguinha, Raul de Souza, Raul de Barros, J.T. Meirelles, Proveta. Os cantores: Francisco Alves, Aracy de Almeida, João Gilberto, Elizeth Cardoso, Nara Leão, Clara Nunes e Roberto Ribeiro. Os arranjadores: Pixinguinha, Ary Barroso, Lyndolpho Gaya, Rogério Duprat, Rildo Hora, Proveta.
Os compositores: Noel Rosa, Dorival Caymmi, Ary Barroso, Tom Jobim, Cartola, Nelson Cavaquinho, Chico Buarque, João Bosco, Paulinho da Viola.
Conhecendo a linguagem especialmente assimilando o que o samba propõe, os exercícios que virão em seus estudos serão contextualizados. Simples.
Passo que conhecida toda a ideia lírica por de trás de uma música você poderá desenvolver-se de maneira ainda mais marcante.
Em certo país uma estudante de música, pianista, deseja conhecer as especialidades do piano local. Era ela uma virtuose, dominava todo repertório pianístico erudito.
O professor observou ela tocando com muita propriedade tudo, e ao fim falou para ela. Você já tocou percussão? Congas? Ela respondeu que não. Então o professor falou desce na secretaria e se matricula no curso de percussão por um período, um ano, e retorna a seguir.
Ela até tentou questionar. Mas atendeu o pedido do maestro. Um ano depois ela voltou já tocando a percussão, e o maestro disse que estava pronta para tocar o piano de Cuba.
Então? Só que para nós trata-se do lirismo na pergunta de como estudar música brasileira.
#VemProSouzaLima
