Como funciona a curva de aprendizado musical?

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Como funciona a curva de aprendizado musical?

Mais uma dúvida de um leitor que faço questão de trazer publicamente ao BLOG: Como funciona a curva de aprendizado musical?

Não está claro se o leitor é um educador musical preocupado com seus estudantes, ou um estudante preocupado com seu desenvolvimento como instrumentista. Assim por não estar claro, tentarei atuar em ambas as frentes em um texto curto sintetizando cada ponto de vista, embora já destaco que o tema deveria ser uma tese de doutorado. Vamos lá primeiro ao método de observação:

1| Cada estudante de instrumento que tive desde 2003 lecionando no Souza Lima desenvolveu-se de maneira completamente própria. Justo posto embora tenha havido variação, cumprir o objetivo individual é sempre o passo desejado.

2| Desde que assumi a coordenação das unidades Alphaville e Moema, e a seguir de outros projetos do Souza Lima constituí o hábito de acompanhar cada recital de professores, de modo a observar o desenvolvimento dos alunos. Cheguei a assistir initerruptamente recitais de outro educador com um mesmo estudante em dez semestres consecutivos.

3| Constituí então documentos que avaliavam os livros que cada educador usava, já que o Souza Lima mesmo que um Conservatório permite variações na formação do estudante, atendendo cada demanda individualmente, comparando com o resultado obtido pelos alunos nos recitais.

Vamos agora ao desenvolvimento:

Um estudante de instrumento espera uma curva de aprendizagem uniforme. Dadas as observações em cada vinte estudantes que tive ou observei, um teve um desenvolvimento uniforme. Ou seja, progredindo continuamente ao longo de no mínimo quatro semestres.

Este estudante não necessariamente era o melhor estudante, ou o que apresentou o melhor resultado. Apenas se desenvolveu de maneira contínua.

Observações sobre estudantes em geral.

Um estudante em especial desenvolveu-se muitíssimo rápido em um primeiro ciclo, um ano. Alongou-se nos demais ciclo e cessou seu desenvolvimento, por novos interesses pessoais. Como educador vi muito potencial, mas que foi reprimido pela agenda e outros objetivos que atrapalharam a curva de aprendizagem musical.

Outro estudante esperava cumprir o objetivo de tocar Garota de Ipanema, dediquei-me então ao processo. No violão, meu instrumento, e que leciono, leva um ano para atingir este objetivo. Trabalhamos com repertório introdutório e progressivo, e em dez meses o aluno cumpriu seu objeto inicial. Estudou por mais três anos.

Mais um estudante chegou a mim desacreditado, recusado por um educador de outra instituição que o considerava sem talento – um absurdo que ainda conservamos no meio musical. Redefinimos tudo, iniciamos do zero, trocamos a metodologia. Faz sete anos, o aluno concluiu graduação em música na UNESP há poucos meses.

O que observamos disso tudo?

Que a aprendizagem depende de uma série de fatores, o conteúdo, método, abordagem, e as partes envolvidas são ativos fundamentais para o êxito. Culpar a parte mais fraca da relação – o aluno, já que se espera um método consolidado, um educador experiente, uma boa abordagem, é vexaminoso. E em ano de experiência percebo que o aluno é o menos responsável pela curva de aprendizagem. Fica a dica!

A culpa definitivamente não é do estudante! Reavalie seus processos para otimizar a curva de aprendizagem musical!

#VemProSouzaLima

Pós Graduação
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João Marcondes é compositor, arranjador, produtor musical e um dos maiores educadores musicais do Brasil. Possui mais de cinquenta livros lançados, metodologias completas, e cursos aprovados no MEC e Secretaria da Educação. É gestor educacional e empreendedor. Tem mais de mil artigos publicados falando sobre música. E aqui, no Blog Souza Lima mais de dez milhões de leituras em seus textos.