Harmonia ou melodia? O que preciso saber para compor?
Já cravo que você pode saber todas as regras harmônicas e não saber compor nada atrativo ou razoável, como é o caso da maioria dos professores de harmonia que tem por aí. E para ampliar a cravada adianto que um leigo aguarda em sua percepção a melodia!
A harmonia para um ouvinte comum quase passa desapercebida como parte fundamental da música! E o pior as vezes quando percebida a harmonia “criativa” afeta a percepção do ouvinte de maneira a afastá-lo da apreciação da obra musical.
Há na construção musical certo balanceamento entre as construções harmônicas e melódicas. Uma obra musical que possui mais tríades em seu aspecto harmônico tende a desenvolver mais a melodia.
Uma obra musical que possui uma harmonia mais desenvolvida tende a possuir uma melodia mais pragmática ou com poucos movimentos, ou que arpeje as estruturas dos próprios acordes.
A bossa-nova descreve muito bem o primeiro caso do pragmatismo da melodia, poucos movimentos e quando ocorrem estão encadeados, sem que haja saltos entre as linhas. O segundo caso por sua vez pode ser exemplificado com o jazz de estilo be-bop, cuja harmonia e melodia convergem quase que totalmente.
Eu prefiro observar a harmonia por densidade – uma tese que criei sobre o quanto a harmonia influi na percepção da música. Densidade harmônica, estou escrevendo um livro sobre isso.
Você pode imaginar que o estudo da técnica ou da harmonia te levará a composição! Abrir, ler e estudar livros e livros e no final ainda não ser capaz de compor uma obra sequer. O ensino da composição precisa convergir com a apreciação estética e com o cantar! A criatividade normalmente é oprimida pelo tecnicismo desses ensinos baseados em harmonia!
O que preciso saber para compor? Você precisa saber ouvir! Perceba a melodia! E tenha um educador de fato para ensinar o estudo da harmonia.
Ouça muita música, este é um excelente primeiro passo e dedique-se primeiramente a estudar a melodia!
#VemProSouzaLima
