O protagonismo do gênero e a vontade na aprendizagem de um instrumento

joão marcondes
Cursos Técnicos

O protagonismo do gênero e a vontade na aprendizagem de um instrumento

Começamos uma série para o BLOG Souza Lima com uma primeira publicação “O mercado fonográfico e a Escola de Música”. Essa série pretende realizar considerações sobre a Educação Musical. Hoje para a segunda publicação “O protagonismo do gênero e a vontade na aprendizagem de um instrumento”.

O protagonismo do gênero quem determina é o mercado fonográfico.

Desde 1980, onde iniciei mesmo que inconscientemente a acompanhar o mercado fonográfico brasileiro, passamos pelo Rock, pela Música Sertaneja, pela Lambada, pelo Pagode, pelo Axé, pela primeira geração do Funk Carioca, pelo RAP – meio alheio ao mercado fonográfico, pelo Forró Universitário.

A seguir pela segunda geração do Funk Carioca, depois pelo Rock-Emo nos anos 2000 – último fenômeno rock a obter protagonismo, e para chegarmos novamente ao Pagonejo, que culminou no Sertanejo Universitário.

Gêneros?

Entre esses “gêneros”, alguns apenas ritmos, alguns apenas estilos, são notórios por serem rótulos do mercado fonográfico. Ocorrem um mesmo produto rotulado de uma nova maneira, como se trocassem a embalagem – o artista, o nome do produto, e a forma, ocasionalmente instrumentação. E o conteúdo idêntico a outrora.

A Música Brasileira então, a chamada MPB, salve exceções pontuais, permaneceu nos guetos, retroalimentadas por um saber coletivo, que a valoriza de algum modo, e mais que isso, preserva.

Alguns dos gêneros citados no segundo e terceiro parágrafos degradaram a vontade na prática de um instrumento, um processo atingido gradualmente. Um ou outro gênero trouxe a vontade, vamos lá:

O sertanejo trouxe o violão para o centro de aprendizagem de uma escola de música, é verdade..

A Lambada não apresentou protagonismo em um instrumento.

O Pagode e o Axé renovaram a vontade no aprendizado do cavaquinho.

O Funk Carioca e o Rap sobrevivem sem instrumentos musicais tradicionais, da organologia. E mesmo para produção, muitos utilizam software pirata e aprendizagem via youtube.

O Forró Universitário, ou Pé de Serra, renovou a vontade pelo acordeom, assim como o Sertanejo Universitário.

O Rock Emo, em meio ao protagonismo do Guitar Hero, trouxe o interesse pela guitarra. Mas ao mesmo tempo em que os ouvidos miraram o mercado internacional, com os fenômenos da música pop, que não protagonizam nenhum instrumento, salve raríssimas exceções.

Um Pagonejo, que trouxe de volta o cavaquinho, e a sanfona. E só.

Qual outro gênero influiu na escola de música?

A Escola de Música é primordial para a aprendizagem de um instrumento, e além de contar com um mercado fonográfico deteriorado, que também eliminou instrumentos em uma massa sonora comprimida, e sem que tenham o protagonismo de outrora ; a escola precisa interagir com os milagreiros do Youtube – que ensinam sem saber, sem poder, e sem dever; apenas atrás de seguidores (também há exceções em profissionais sérios).

A escola de música hoje cuida da voz? Voz que tem protagonismo no mercado fonográfico? Sim, muitos querem cantar. Mas pela estranheza dos fatos, e mesmo o Brasil possuindo uma estrutura e tradição internacional quanto ao canto, os estudantes estão atrás da destreza que se vê na música pop (norte-americana!) dos dias de hoje.

Que conflito!

Somos educadores. Mas como interagir com tamanha questão?

O educador musical precisa observar e seguir o protocolo de ensino e aprendizagem que o formaram. Ciente de que mais importante do que alimentar o ego de um estudante, e fazê-lo progredir com alicerces. Valorizando cada passo como processo. Evitando lesões – sim, o mau estudo, ou algo além do possível, causa lesões na voz ou nos membros. E o desestimulo causado por uma música que está a frente de seu aprendizado.

Mas isso fica de assunto para uma próxima publicação de nossa série!

Precisamos avaliar, e refletir sobre a aprendizagem. Vamos lá? Até logo, em uma próxima publicação!

Qualquer questão envie e-mail para joao.marcondes@souzalima.com.br

Pós Graduação
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João Marcondes é compositor, arranjador, produtor musical e um dos maiores educadores musicais do Brasil. Possui mais de cinquenta livros lançados, metodologias completas, e cursos aprovados no MEC e Secretaria da Educação. É gestor educacional e empreendedor. Tem mais de mil artigos publicados falando sobre música. E aqui, no Blog Souza Lima mais de dez milhões de leituras em seus textos.