O que é um dominante secundário?

Quais notas fazem parte dos acordes que tem SI como tônica? Ou fundamental.
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O que é um dominante secundário?

A teoria dos dominantes secundários parte da afirmação que todo acorde (exceto a estrutura meio diminuta – tríade diminuta com sétima menor) possui sua própria dominante.

O acorde dominante da tonalidade é chamado dominante primário ou dominante primária. Justo posto se os demais acordes terão sua própria dominante, quase que em totalidade, serão assim dominantes secundárias.

Algumas características de uma dominante secundária:

  1. A fundamental do acorde é uma altura diatônica.
  2. A terça do acorde dominante secundário será sensível artificial para a tônica do acorde com que o dominante se relaciona.
  3. As extensões de uma dominante secundária são diatônicas.

Vamos agora representar em pauta as três características para aperfeiçoar a visualização?

Dominante secundária

O acorde dominante do primeiro grau é uma dominante primária. Os outros cinco acordes possuem cada qual sua dominante secundária.

Observe que as dominantes secundárias compõem novos tritonos, sempre constituído com a sensível ascendente artificial. A única exceção está no dominante do quarto grau, que estabelece o tritono mediante alteração descendente na sétima.

As estruturas serão chamadas de V7/IIm7; V7/IIIm7; V7/IV7M; V7/V7; V7/VIm7.

Dentro do sistema diatônico é possível estabelecer apenas seis tritonos. Ou seja: um mesmo trítono está em dois acordes dominantes, para agora somados os dominantes secundários temos presentes os seis trítonos possíveis para o sistema diatônico irrigando a prática musical.

Algo muito importante é perceber que estamos tratando de uma questão prática, pela maneira que as músicas se comportam já há alguns séculos.

Nos faltou agora tratar a terceira característica, as extensões de uma dominante secundária são diatônicas.

Dentre as estruturas do acorde avaliado, A7, como V7/IIm7, as extensões que ocorrem são nona maior, nona aumentada (enarmônica da terça menor, observe que na de dó passamos para si sustenido para caracterizar a nona), décima primeira justa (nota evitada, já que terça maior e quarta justa não coexistem sem descaracterizar um acorde), e décima terceira menor.

Então V7/IIm7, no caso A7, poderá atuar com nona maior e décima terceira menor, ou com nona aumentada e décima terceira menor.

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Vamos escutar a ação do dominante primário em uma composição musical? Aqui são apenas dois acordes, o primeiro grau e o quinto grau, nessa brilhante composição cantada por Paulinho da Viola.

O movimento é perceptível! Exclama a alternância entre o dominante primário e o acorde tônico. A evidente movimentação é muito comum na composição popular, de origem mais folclórica ou urbana fonográfica.

O dominante secundário mais utilizado é o V7/II. Está praticamente em todas as composições populares do gênero Axé, desses que parecem um samba baiano, algo próximo justamente ao samba de roda.

O som da progressão se estabelece de maneira muito clara: I V7/II IIm7 V7.

O V7/IV por sua vez tem sua compreensão muitíssimo clara na composição O Sol Nascerá, de Cartola e Elton Medeiros. Logo no começo “A sorrir eu vi”, na sílaba SO está o V7/IV. Lindamente abrindo a composição para o IV grau.

O IV grau através de seu dominante secundário é explorado como região de tonalidade, da mesma maneira que o VI grau, ambos trazem uma variação propícia para a composição musical desde meados do período barroco. Nesta composição ainda há o V7/V, ingressando na letra na parte do LEVAR a vida. Bonito também!

I V7/IV IV V7/V IIm7 V7

Hoje eu vi minha nêga! Coisas do mundo minha nêga, obra prima de Paulinho da Viola, é a obra que nos traz para a percepção o dominante secundário V7/VI e o V7/III – ambos incrivelmente compostos na obra do artista.

O trecho “que a sorte nunca lhe chega” passa pelo V7/VI chegando realmente ao VI grau e a percepção que oferece. O início todo tem incluso o V7/II na mesma progressão do Axé que ouvimos a pouco.

No trecho “Perguntou se eu não dispunha” há um V7/V. Entrando na sílaba PU.

Para que no trecho “Foi um samba sincopado”, na sílaba PA se estabeleça o V7/III. Feito!

Isso não é teoria, isso é música!

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Publicado em setembro de 2019, ampliado e revisado em 16 de outubro de 2020.

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João Marcondes é compositor, arranjador, produtor musical e um dos maiores educadores musicais do Brasil. Possui mais de cinquenta livros lançados, metodologias completas, e cursos aprovados no MEC e Secretaria da Educação. É gestor educacional e empreendedor. Tem mais de mil artigos publicados falando sobre música. E aqui, no Blog Souza Lima mais de dez milhões de leituras em seus textos.