Quais as principais características do Pagode?

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Quais as principais características do Pagode?

Bom! Especialmente é preciso perceber as variações terminológicas entre manifestação popular e produto comercial.

Pagode até meados de 1980 designava exclusivamente um tipo de festa das periferias urbanas (principalmente o Rio de Janeiro) onde se tocava samba e suas variações, e havia alimento e bebida em abundância.

Entre 1950 e 1980 o Samba havia perdido o protagonismo de outrora no mercado fonográfico central. Nesse período eclodiram variações do samba, ou estilos de samba, entre as quais lideraram protagonismo internacional com a bossa-nova, e nacional com o samba-rock e o samba de estilo “MPB”.

No mercado fonográfico nos anos 1970 central a figura de Paulinho da Viola, exclusivamente associada ao samba e ao choro, demonstravam a memória de tempos idos. Evidentemente neste mercado havia Alcione e Clara Nunes, mas digeridos pelo termo maior (e bem pouco ilustrativo) chamado MPB.

O termo MPB desgastou-se pelo excessivo teor aglutinador. Muita música era chamada MPB, e se muita música é chamada MPB pouco realmente se define em gênero.

As periferias mantiveram o samba em seu convívio direto, dado este fato nas festas de Pagode se realimentava como cultura local.

O que o grupo Fundo de Quintal fazia que não samba? Ou Jorge Aragão que já havia sido gravado por outros artistas como Elza Soares e Roberto Ribeiro? É samba!

Mas o mercado fonográfico que necessita de outros termos para designar produtos lançou um novo gênero que conhecemos hoje como Pagode. Assim, quando estabelecido no final dos anos 1970 a meados de 1980 o chamado Pagode era na realidade samba.

Um gênero se consolida por variações de instrumentação – isso já havia nesse pagode é verdade, com o repique de mão, rebolo e tam-tam, pandeiro de náilon e banjo. Mas para a profundidade de definir um outro paralelo é preciso melodia característica, harmonia característica, e temática poética característica. Tudo isso foi alcançado, mas em uma década.

Ruptura

Quando se consolidou a ruptura ao samba novas gerações se interessaram por esse pagode do mercado fonográfico, não mais a festa de samba das periferias, para que as novas gerações partissem dessa perspectiva para consolidar novos artistas. Não mais as composições de ícones da música brasileira ouvido por esses primeiros pagodeiros do mercado fonográfico que incluía toda uma geração de sambistas de escola de samba. Cartola, Candeia, Paulo da Portela.

Os novos ouvintes partiram destes novos grupos e artistas – Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Almir Guineto, Arlindo Cruz e Sobrinha, para deflagrar nos anos 1990, e não mais exclusivamente no Rio de Janeiro, e até mais em solo paulistano, em São Paulo, gênero que o mercado fonográfico sonhara.

Vieram com temas românticos e humorados. Outra forma de interpretar, ou por voz chorada, ou muito melodiosa. O samba perdera a voz cantada, praticamente falada, para no pagode 1990 instaurar-se em tonalidades muito agudas. É a vez dos tenores não mais dos barítonos do samba, usufruindo de um termo mais eruditizado.

Em pouco tempo consolidaram os teclados, saxofones, bateria e contrabaixo – típicos para execuções mais volumosas. Os shows cresceram ante aquela ideia de fundo de quintal que permitia o som acústico.

A influência do soul americano entre coreografias e visual chamativo também ecoou nesse pagode anos 1990. Pode-se dizer que na consolidação desse processo finalmente samba e pagode tornam-se gêneros distintos, embora assim como o processo que culminou na bossa-nova, não se deve ignorar o processo para tal.

As principais características do pagode então são instrumentação (violão, cavaquinho, banjo, contrabaixo e até guitarra, teclado, bateria, percussão com pandeiro de náilon, repique de mão, tam-tam, rebolo), tonalidades agudas – voz muito melodiosa, temáticas românticas e humoradas, dança coreografada e visual chamativo. Principal centro: São Paulo, embora haja ecos em Minas Geraes como um grupo Só pra Contrariar.

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Este texto é parte integrante da tese não publicada, sequer defendida, mas que fazia parte do planejamento do meu doutoramento – “Aspectos sobre a formação do gênero popular urbano brasileiro” – 2010|2011.

 

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