Quero ser Músico Entrevista: André Faleiros

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A série Quero ser Música Entrevista prossegue em sua missão de contribuir com a carreira de futuros músicos profissionais.

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Hoje entrevistando o músico, produtor, instrumentista André Faleiros, nascido em Roterdam no exílio de seus pais, o brasileiro de dupla-nacionalidade, hoje vive no Canadá e atua diretamente com o Cirque du Soleil como responsável por espetáculos e recrutamento de musicistas.

O que é preciso para atuação do músico profissional nessa área? André com sua experiência internacional nos contempla com uma aula em meio a sua trajetória e formação.

Entrevista:

Nome: André Faleiros

Cidade Natal: Rotterdam, de pais brasileiros no exílio, dos 4 aos 19 anos morei no Brasil

Ano de Nascimento: 1974

Instrumento: Contrabaixo

Formação Acadêmica: Unicamp 1993, Concórdia University (Montréal) 1994-1998

Formação Livre: Centre d’information Musicales (Paris) 1990. Curso de verão Escola de Música de Brasília (1991, 1992)

1) Em que ano iniciou sua atuação como músico profissional?

As minha primeiras gigs foram em Brasília em 1990,

2) Quais áreas atuou diretamente como profissional da música?

Música Popular (brasileira, latina, pop, africana), Jazz, Rock, Funk (de verdade, não funk de baile funk) como baixista, diretor musical, arranjador e compositor.

3) Entre a decisão de realizar o curso de graduação em música no Brasil, para a seguir conclui-la no exterior, que fatores pesaram quanto a expectativa e atividade de músico profissional?

Minha motivação para entrar na Unicamp foi de fazer um curso universitário em música popular, o único na época, e para vir ao Canadá foi em me especializar em jazz em uma universidade anglófona.

4) Como foi a programação de sua carreira culminando na atuação que hoje desenvolve no Cirque du Soleil?

Não foi programada assim, me formei e toquei muito jazz, mas me dei conta que fazer dançar o público me dava um prazer incrível, assim fui tocando música brasileira, grooves e música africana e desenvolvendo minhas composições com a minha banda Gaïa, que culminou com nosso terceiro disco que foi nominado aos Junos (prêmio da música canadense) e que teve a participação especial da Elza Soares em uma de minhas composições.

https://m.soundcloud.com/andre-faleiros/olha-o-trem

No lançamento deste disco, varias pessoas do Cirque du Soleil vieram e fomos recrutados como banda para ser a base de um show musical do Cirque, chamado Delirium, para a primeira tour em arena do Circo fizemos show em 65 cidades.

5) Em que consiste sua atuação hoje no Cirque du Soleil?

Sou chefe da equipe de recrutadores (talent scouts) desde 2011, somos hoje treze recrutadores. Oito especialistas em varias disciplinas, de atletas a marionetistas passando por músicos e palhaços, quatro coordenadores e um estagiário. Somos responsáveis do recrutamento para os dezenove espetáculos em atividade e para os novos shows em preparação.

6) No Brasil, sem dúvidas os programas de graduação evoluíram muitíssimo, mas ainda há um abismo quanto a formação se comparada a instituições estrangeiras. Como avalia um músico brasileiro nas contratações realizadas para espetáculos do Cirque?

Temos 8 músicos brasileiros entre os 130 que contratamos contando todos os espetáculos, são todos de altíssimo nível. Difícil de comparar, creio que a formação depende muito do esforço que o estudante põe em sua formação. Algumas instituições como Berklee School Of Music, Julliard ou Codart na Holanda são excepcionais, sobretudo pela qualidade dos professores e intensidade do programa, incentivando a versatilidade dos instrumentistas em termos de estilos musicais.

7) O que um músico instrumentista precisa ter para compor um espetáculo? Leitura? Desenvoltura de palco? Alguma característica em específico?

Excelente técnica, capacidade de improviso, versatilidade, abertura de espírito, criatividade e originalidade. Leitura não é um fator pois os músicos tocam tudo de cor.

8) O que um compositor precisa para apresentar ou propor obras para os espetáculos do Cirque? Há processos seletivos para novos autores?

Não há processos de proposição para compositores, a cada novo show a equipe criativa seleciona um diretor/criador e depois selecionam compositor, coreógrafo, iluminador – segundo o conceito do show.

8a) O compositor atua diretamente no estpetáculo?

Sim. O compositor tem um assistente normalmente um programador que ajuda com o sistema Ableton que é usado para acrescentar pistas à performance ao vivo e para tocar um back-up no caso que um instrumentista ou cantor esteja doente um dia.

9) Como é excursionar com o Cirque administrando a música, músicos, o som e o espaço, fatores tão preponderantes na composição do espetáculo?

O Cirque du Soleil tem show de turnê em tendas e arenas e shows permanentes em teatros. O que é mais exigente é tocar entre 8 a 10 shows por semana, 40 a 50 semanas por ano. Se renovar a cada show, ficar ligado o tempo inteiro pois a duração de cada peça ou sessão pode variar para acomodar a ação no palco.

10) Como você organiza o tempo da prática do instrumentista, como contrabaixista, com as atividades do Cirque?

Toco todo dia, mesmo que seja só uma meia hora, quando tenho um show faço prática mais frequentes e longas, aprendo o máximo do repertório de cor e pratico intensamente as partes mais difíceis das peças.

11) A música brasileira é continua valorizada em plano internacional? Como é no Canadá, por exemplo? O que se toca de música do Brasil no país?

Tem de tudo aqui, forró, choro, samba, pagode, instrumental e até sertanejo, alguns artistas são mais populares mas não é main stream, alguns vivem só de música brasileira, mas ou são amadores ou tocam outros estilos.

Muitos artistas brasileiros tocam aqui, de Seu Jorge a Gilberto Gil e sempre lotam.

Caríssimo André Faleiros, agradeço a entrevista. 

A contribuição com uma nova geração de músicos profissionais, melhor formada, mais informada, é um legado que com certeza temos em comum.

Obrigado.

Entrevista realizada por e-mail em 18 de junho de 2018.

Essa entrevista foi revisada em primeiro de junho de 2022, e publicado em 2018.

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