Como iniciar uma aula de violão?

12 de agosto de 2020

Iniciar uma aula de violão parece tarefa fácil. Muito se fala sobre o violão como o instrumento mais fácil de se aprender, o que não é verdade.

Se há promessa de que será rápido, com um aprendizado proveitoso, e em pouco tempo a aula de violão traz mesmo resultado, o violão pode se dizer que é fácil de se tocar algo muito básico.

E ao mesmo tempo o violão é um dos instrumentos mais completos e instigantes ao repertório de complexidade elevada.

Sim. Em um nível básico o resultado do violão pode ser rápido, mas em nível elevado são anos de estudo. Prometer ser rápido nos cursos online é só para fazer o básico, ok?

Tocar violão sem professor não é nada novo.

Aprender violão sem um professor é apenas algo que os vídeos do youtube repetem, em um discurso antigo que provém do final da década de 1970 com os cursos de música em fitas k-7. Coleções muito bonitas e organizadas, de fato. Ainda depois vieram as vídeo-aulas e DVDs, outra inserção do tocar sem professor!

Dá certo? Sim, para o mais básico, dá certo sim.

Mas não conheço em anos lecionando quem tenha se formado desse modo.

A aula de violão é algo que possui complexidade maior do que aprender apenas meia dúzia de acordes. O violão em um nível de execução avançado está entre os instrumentos com mais nuances de timbres, sonoridades, técnicas e efeitos – como mencionado.

Pode-se dizer que o violão é o instrumento mais fácil de se tocar mal, e dos mais complexos para se obter domínio pleno. Um pouco radical ao que parece, mas quem estudou a fundo o violão confirmará essa afirmação.

Uma aula de violão deve introduzir repertório e práticas características do instrumento.

Uma aula de violão deve propor diferentes espécies de técnicas, e progressivamente em registros do instrumento – da música erudita, do pop, rock, fingerstyle, bossa-nova, improvisação jazzística, ou choro.

A introspecção e intensidade do violão erudito possui ainda mais refinamento em contraposição da virilidade do violão flamenco.

Qual aula de violão se adéqua ao seu perfil? E para tal que professor será ideal?

Quer ser violonista ou tocar um pouco basta?

Ao violão improvisado de Lula Galvão ou de Hélio Delmiro, até a linguagem inventada de João Gilberto para toda canção popular? É isso que pretende tocar?

Ao violão erudito de Fábio Zanon, Turíbio Santos ou do Quaternaglia, é isso então?

Ao violão pop de um Nando Reis? Cássiar Eller?

Ao violão brasileiro de Raphael Rabello, Dilermando Reis, Luís Bonfá e Baden Powell? Ou o virtuosismo de Yamandú Costa?

Ao violão do choro, 7 cordas, de Meira, de Dino 7 Cordas, Rogério Caetano ou Carlinhos 7 cordas?

Isso até aqui para falar apenas dos brasileiros! São muitas ideias presentes.

Ou o que pretende é tocar tudo isso?

E ainda tocar o Flamenco de Paco de Lucia? Da Obra de Segovia ao violão erudito de todos os tempos. Francisco Tárrega, Heitor Villa-Lobos, Abel Carlevaro ou Léo Brower.

O violão é o instrumento mais popular do mundo. Viola grande, que para todas as nações é nomeado guitarra clássica, no Brasil ganhou nomenclatura própria assim como linguagem.

Violão das rodas de amigos. Do dia a dia. De mobilidade invejada pelos pianistas. Das praias, bares, palcos…

Apenas não se engane, não há técnicas de violão diferentes por perfil popular e erudito, há técnicas do violão que atuam nos repertórios cada um em seu momento.

Que aula de violão deseja?

Cada especificidade estética requer um especialista.

Primeiro passo ouvir suas possibilidades.

Procurar um curso que se adeque a você como apreciador e sua agenda.

Compreender os processos que envolvem a prática do instrumento.