Educação musical no Brasil em uma abordagem franca – parte 26
Em um curso universitário esperamos soluções, e bom, o que encontramos em música as vezes até faz rir. Não sei se esse é o momento desse episódio, toda via a escrita vem sendo livre, e as lembranças colecionadas promovem o que venho pensando.
Recentemente um compositor, professor e coordenador de uma importante Universidade do estado de São Paulo escreveu que composição não se ensina, ou que inventividade não se ensina, e foi contraposto por uma aluna que contestou a disposição dele como professor, tendo ela passado anos sob sua orientação sem ter aprendido nada.
Um demagogo prolixo, típico de academicismo, ou verborragia acadêmica é verdade. Mas ainda pior que isso, quando estudava arranjo na faculdade, e estava lá com uns dezenove anos, perguntei ao professor o que ele fazia quando o processo criativo travava.
Me interessava conhecer mais técnicas, justamente para destravar um processo criativo que estava fluindo bem. A resposta foi patética e bizarra: “Eu tomo banho”.
Bom, um professor doutor acadêmico, responde para uma classe de estudantes que o processo criativo dele destrava com uma boa chuveirada. Haja banho para quem tem muito o que produzir.
E antes que alguém defenda que o banho de fato auxilia, por favor, não estamos falando de relaxamento, de cabeça vazia, estamos falando de técnicas para auxiliar quem não as têm. De ferramentas que precisam ser estabelecidas para quem ainda não conhece.
Ensinar a ouvir. Ensinar a escuta para que seja possível ouvir técnica.
Reconhecer para se desenvolver. E esse é o fundamento mais importante. Entender o processo de aprendizado e o que representa ensinar composição. Ensinar a composição tem como proposição apresentar ferramentas teóricas, aplicas em gramática musical, se letra e música textual, contextualizadas para que o aluno aprenda a reconhecer as técnicas em outras obras, e para depois poder aplicá-las.
Ferramentas.
O professor do banho não é uma má pessoa. Apenas não estudou educação. Não foi apresentado para ele argumentos e ele repete os processos sistematicamente como aprendeu. Sem nenhuma reflexão. Para educar é preciso refletir.